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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Amoreiras - rústicas, resistentes e... medicinais!


"Vou contar para o seu pai que você namora,

Vou contar pra sua mãe que você me ignora,

Vou pintar a minha boca do vermelho da amora,

Que nasce lá no quintal da casa onde você mora..."


Como bem descreve a música Amora, de Renato Teixeira, até pouco tempo atrás era bastante comum a presença de uma amoreira no quintal das casas. Rústicas, resistentes e de fácil cultivo, eram a garantia de frutos doces e deliciosos para alegria de crianças e adultos.

Com o passar do tempo (e com o fim dos quintais), as amoreiras passaram a ser vistas como plantas silvestres. Seus frutos, delicados e perecíveis, não são capazes de sobreviver à aventura de sair do campo e chegar aos supermercados e, assim, as amoras foram gradualmente ficando na doce lembrança de quem tinha o privilégio de degustá-las ali mesmo, ao lado da árvore.

Entretanto, com o recente e crescente interesse pelas plantas medicinais, a amoreira vem despertando a curiosidade e ganhando espaço na mídia pelas suas propriedades que estão sendo comprovadas em estudos científicos realizados em vários países.
As amoras pertencem à família das Moráceas que abriga espécies bem variadas e produzem frutos bem diferentes entre si. Nesta família, além das amoras, encontramos os figos e até a jaca!

As espécies de amoreira mais cultivadas são Morus alba (amora-branca), Morus rubra (amora-vermelha) e Morus nigra (amora-preta) foto ao lado. Dentre essas espécies destaca-se a Morus alba, conhecida também como amora branca. Trata-se de uma planta perene, rústica, que se adapta com facilidade aos mais variados tipos de solo, desde que não sejam alagadiços. O solo ideal deve ser fértil, aerado e com pH em torno de 6,5. Suas raízes são capazes de atingir boa profundidade, de forma que alcançam água em camadas mais profundas, o que ajuda a garantir hidratação mesmo na estação seca.

Dentre os diversos cultivares de Morus alba existentes no Brasil, destacam-se a variedade Miura e os híbridos FM 86 e Shima Miura, cujas principais características são a precocidade vegetativa, folhas de boa qualidade e o fato de apresentarem boa propagação por estaquia. A variedade Miura (amora miura) é considerada uma das melhores variedades entre as cultivadas.
Além de apresentar alto teor de proteína, as folhas da amoreira branca (Morus alba L.) são totalmente livres de toxicidade e ainda apresentam propriedades capazes de diminuir o nível de glicose no sangue, auxiliar a reduzir a hipertensão, são diuréticas e indicadas popularmente para o tratamento do colesterol alto.

Por serem muito nutritivas e apresentarem alto teor de proteína, as folhas da amora branca são utilizadas como o único alimento do bicho-da-seda da amoreira (Bombyx mori) em sua fase inicial de vida.

O assunto é bem interessante, pois as amoreiras têm uma história muito ligada à fabricação da seda. Tudo começa com uma lenda sobre a descoberta da seda indicando que esta ocorreu por acaso, quando uma imperatriz chinesa, por volta de 2.600 a.C., tomava seu chá embaixo de uma amoreira, nos arredores do seu palácio: um casulo do bicho-da-seda teria caído dentro da sua xícara de chá fervendo e ela percebeu que por estar amolecido, o casulo poderia ser desenrolado, formando um fio.

Os chineses tiveram exclusividade na fabricação da seda por cerca de 3 mil anos. O governo chinês, ciente do valor comercial da seda, proibia a exportação de ovos de mariposas e sementes de amoreiras, chegando a condenar à morte os considerados traficantes. Conta-se que os europeus só romperam este bloqueio quando um imperador romano enviou espiões disfarçados de monges à China, que conseguiram esconder alguns ovos de bicho-da-seda dentro de bambus e os levaram para a Europa.

Aqui no Brasil, embora as primeiras amoreiras tenham sido plantadas em Minas Gerais, por ordem de dona Maria I, a Louca, mãe de D. João VI, que reinou de 1777 a 1792, a produção de seda iniciou-se efetivamente apenas no Segundo Reinado.

Deliciosamente medicinal

Morus rubra
Todas as espécies de amoras são ricas em vitamina C e antocianinas - flavonóides bioativos com poderosa ação antioxidante. A amora tem em sua composição água (85%), proteínas, fibras, lipídios e carboidratos, além de cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, selênio e várias vitaminas. Isso tudo com baixo valor calórico: são apenas 52 calorias em 100 g de fruta.

Na amoreira são encontradas também substâncias como os fitoquímicos, ou compostos secundários. Estas substâncias são produzidas naturalmente pelas plantas para se protegerem do ataque de pragas e doenças, além de ajudar a planta a se adaptar às condições adversas do ambiente. Muitos destes fitoquímicos atuam na prevenção e no combate de doenças como o câncer e as doenças cardiovasculares.

Na medicina natural, são relatadas outras propriedades da amoreira, como o efeito emagrecedor; amenizador da tensão pré-menstrual e sintomas da menopausa; efeito desintoxicante e antioxidante, prevenindo contra a ação dos radicais livres. Além disso, já são famosas suas propriedades como auxiliar em problemas como diabetes, pressão alta e mau colesterol elevado.
Todas as partes da planta - frutos, folhas, casca e raiz - são utilizadas na medicina popular:

* A infusão ou o suco do fruto são usados em gargarejos e bochechos contra aftas, amigdalite e dor-de-dente;

* A decocção da casca e das raízes são indicadas contra problemas de estômago, intestino e também como vermífugo;* A infusão das folhas é considerada excelente diurético, além de agir contra a hipertensão. Também é usada em massagens no couro cabeludo para combater a queda de cabelos, sendo que este efeito pode ser potencializado com a ingestão do chá. * O xarope é usado para combater a tosse e a irritação da garganta; * O cataplasma preparado com as folhas é utilizado contra eczemas, erupções cutâneas;* O banho preparado com o chá das folhas é considerado revigorante.

Dicas de cultivo

A amoreira teve provável origem na China ou Índia. Pertence à família das Moráceas e ao gênero Morus, que possui cerca de 950 espécies. A temperatura ideal para o desenvolvimento da amoreira situa-se entre 24 e 28 graus C. Temperaturas abaixo de 13 graus podem prejudicar fortemente o desenvolvimento da planta. O solo indicado deve possuir boa profundidade, alto teor de matéria orgânica e textura média.

As mudas de amoreira podem ser obtidas por sementes, estacas, enxertia e mergulhia. A melhor época para o plantio da amoreira é o início da primavera. Quanto à adubação, é recomendável a orgânica, pois além de fornecer nutrientes à planta, ainda proporciona a melhoria das propriedades físicas do solo e facilita o desenvolvimento de microorganismos. Como sugestão, pode-se aplicar uma mistura de esterco de curral curtido, farinha de osso e torta de mamona.
Não é recomendável fazer poda ou colheita antes de 6 meses a contar do plantio, para que seja permitido que a planta desenvolva seu sistema radicular e estabilize seu desenvolvimento. Além disso, não é indicada a aplicação de inseticidas ou outros produtos químicos, uma vez que a amoreira é uma planta bem rústica e resistente.

Curiosidades sobre a amoreira

* Segundo Ornato José da Silva, autor do livro Ervas e Raízes Africanas, a amoreira branca é uma planta utilizada nos ritos africanos para limpeza energética. Suas folhas teriam o poder de captar, a partir do raiar do sol, toda a negatividade que é expelida à noite, logo após este se pôr.

* O primeiro papel introduzido no Japão foi originário da Coréia e era feito de amoreira.

* As amoreiras eram bem conhecidas pelas antigas civilizações. Eram famosas em razão dos deliciosos frutos, pelo rápido crescimento e também pela grande quantidade de folhas verdes que eram consumidas pelos animais.

*Pesquisadores da Universidade de Scranton, na Pensilvânia (EUA), constataram que a ingestão de suco de amora, três vezes ao dia, pode aumentar significativamente a taxa de colesterol bom no sangue, reduzindo os riscos de doenças do coração.

* Na Europa do século XVI, era costume utilizar tanto os frutos, como as folhas e a casca da amoreira. O fruto era usado contra inflamações e hemorragias; a casca contra as dores de dente e as folhas para tratar picadas de cobras e como antídoto para o envenenamento por acônito.

* A amoreira branca é muito usada na China para tratar tosse, resfriados, dores de cabeça, irritação da garganta e pressão alta. No conceito chinês de Yin e Yang, a amora branca é usada para dissipar o calor do canal do fígado, evitando irritação nos olhos, elevando o estado de ânimo e refrescando o sangue. É, portanto, considerada um tônico Yin.

* A amora em alemão é chamada "maulbeerbaum"; em espanhol é "moral"; em francês é "murier"; em italiano é "gelso" e em inglês seu nome é "mulberry".

* Na mitologia grego-romana a amoreira era dedicada à deusa Minerva/Athena. Muito apreciada nos banquetes romanos, o uso da amora foi mencionado por Ovídio, Horácio e Virgílio. Além disso, foram encontradas representações da amoreira nas ruínas de Pompéia.

* Existe uma lenda que relata o surgimento das amoras vermelha e negra a partir da amoreira branca. Segundo o poeta Ovídio, dois jovens - Píramos e Tisbe - estavam apaixonados, mas suas famílias, que eram inimigas, não permitiam sua união. Um dia, eles decidiram fugir e marcaram um encontro fora da cidade, embaixo de uma grande amoreira branca. Tisbe chegou primeiro e avistou ali perto uma leoa com a boca suja do sangue da caça que acabara de comer. Apavorada, ela saiu correndo, deixando cair seu véu que, dilacerado pela leoa, ficou sujo de sangue. Quando Píramos chegou e encontrou o véu de Tisbe rasgado e marcado de sangue, desesperou-se e, pensando que sua amada estava morta, atravessou seu peito com a própria espada. Seu sangue jorrou e atingiu a amoreira branca. Quando Tisbe voltou e encontrou seu amado morto, pegou a espada e também atingiu o próprio coração. Naquele momento, os frutos da amoreira branca que foram atingidos pelo sangue tornaram-se vermelhos - quase negros - dando origem às amoras vermelha e negra. Por essa razão, acredita-se que o bicho-da-seda só se alimenta da espécie Morus alba (amora branca) porque esta ainda estaria purificada, sem a marca da tragédia dos dois jovens amantes.

* Em tempos antigos, as amoras eram usadas como maquiagem, com a função de ruborizar a face, como um rouge, ou blush.

* Rose Aielo Blanco é jornalista, escritora e editora do www.jardimdeflores.com.br

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Physalis: Bela, Saborosa e Medicinal


A physalis é uma fruta bem interessante: considerada exótica, é encontrada no mercado a preços elevados, mas, apesar disso, no Norte e Nordeste do nosso país ela é comum nos quintais e chamada por nomes bem brasileiros: camapum, joá-de-capote, saco-de-bode, bucho-de-rã, bate-testa e mata-fome.


Essa variedade nativa é a Physalis angulata, da família das Solanáceas, a mesma do tomate, da batata, do pimentão e das pimentas. Originária da Amazônica e dos Andes, a physalis possui variedades cultivadas na América, Europa e Ásia.

Na Colômbia, é conhecida como uchuva e no Japão, como hosuki. É uma planta arbustiva, que pode chegar aos dois metros de altura. As frutas são delicadas, pequenas e redondas, com coloração que vai do amarelo ao alaranjado, envolvidas por uma folha fina e seca, em forma de balão. Com sabor doce, levemente ácido, a physalis é consumida ao natural e usada na preparação de doces, geléias, sorvetes, bombons e em molhos de saladas e carnes. É rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides.

Seu lado medicinal não deixa a desejar: é conhecida por purificar o sangue, fortalecer o sistema imunológico, aliviar dores de garganta e ajudar a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado.

A planta tem sido estudada também por fornecer um poderoso instrumento para controlar o sistema de defesa do organismo, diminuindo a rejeição em transplantes e atacando alergias.

Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia identificaram substâncias com esse potencial na Physalis angulata e já solicitaram patente sobre o uso delas. Testadas por enquanto em camundongos, espera-se que as fisalinas (chamadas de B, F e G) tenham um efeito tão bom quanto o das substâncias usadas hoje para controlar o sistema imune, mas com menos efeitos colaterais, quando forem usadas em pacientes humanos.

"Em geral, ela é usada na forma de chá ou infusão", diz Milena Soares, pesquisadora da Fiocruz. A erva cresce na América Latina e na África, e as moléculas que produz, as fisalinas, atraíram a atenção dos cientistas porque pertencem ao grupo dos corticosteróides, usados hoje para controlar o sistema imune. "Essas substâncias já tinham sido descritas, mas nós fomos os primeiros a estudar suas propriedades", conta Soares. O trabalho foi publicado na revista científica "European Journal of Pharmacology" (www.sciencedirect.com/science/). Se for comprovado que as substâncias causam menos efeitos colaterais, a pesquisadora diz que os pacientes com o sistema imune hiperativo seriam poupados de inchaços ou da diminuição da produção de células do sangue na medula óssea, causada pelos medicamentos utilizados hoje.
Cultivo

A physalis é uma planta rústica, que exige poucos cuidados, e que até agora não apresentou uma doença significativa que possa ser grande ameaça ao cultivo. Desenvolve-se bem em regiões quentes, de clima tropical e subtropical, mas tolera bem o frio.

Antes de plantar, é aconselhável realizar análise de solo, que deve ser preparado com as mesmas recomendações para o cultivo do tomate. Os melhores solos são os areno-argilosos e pouco ácidos. A semeadura é feita em bandejas de isopor com 128 células, copos plásticos ou saquinhos de polietileno, com substrato para hortaliças, usando-se uma semente por célula, copo ou saquinho. A germinação se dá em cerca de 20 dias.

Quando as plantinhas estiverem com mais ou menos 20 centímetros de altura podem ser transferidas para o local definitivo. Plantam-se grupos de quatro mudas, distantes 30 centímetros uma da outra, em forma de quadrado (uma planta em cada canto). No centro, coloca-se uma vara de bambu ou madeira com cerca de dois metros de altura, para que as plantas sejam amarradas até o final da produção. O espaçamento entre as linhas é de dois metros. A colheita começa quatro meses depois do plantio e estende-se por seis ou oito meses. Cada planta produz até três quilos de frutas.

Curiosidades sobre a Physalis

*No Brasil, a variedade nativa é a Physalis angulata* No Japão, existe variedade de cor vermelha chamada hosuki. Lá, anualmente, acontece a Festa do Hosuki * As variedades capsicifolia, esquirolii, lanceifolia, linkiana e ramosissima encontram-se espalhadas pela América, Europa e Ásia * Apesar de ser bastante rústica e exigir poucos cuidados, é imprescindível o controle de insetos a partir da floração * Utilizando-se o tutoramento, como nos plantios de tomate ou pimentão, é possível obter uma produção maior em menos tempo * A physalis também é utilizada como tira-gosto em degustações de vinho * Na Austrália, a physalis rende uma conserva fina exportada para vários países* Em Paris é servida em restaurantes elegantes, coberta com chocolate* Estudos científicos recentes estão revelando que a planta apresenta forte atividade como estimulante imunológico e efeito antiviral contra os vírus da gripe e herpes. Contém alto teor de vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de flavonóides, alcalóides, fitoesteróides, alguns recém descobertos pela ciência* A physalis é rica em carotenóides. Os carotenóides estão na lista dos compostos bioativos considerados funcionais, ou seja, aqueles capazes de prevenir doenças. São corantes naturais capazes de afastar males como cegueira noturna, catarata e até câncer* A fruta também pode ser encontrada no comércio em forma liofilizada em cápsulas.


Ficha da Planta


Plantio: qualquer época do ano Solo: areno-argiloso, rico em matéria orgânica e com pH entre 5,5 e 6 Clima: tropical e subtropical, mas tolera bem o frio Colheita: a partir de 120 dias depois do plantio das sementes; pode estender-se por um período de por seis ou oito meses. Cada planta produz até três quilos de frutas.

Receita deliciosa com Physalis

Quem quiser experimentar esta delícia de fruta, pode preparar a receita criada pelo site www.physalis.com.br - Aí vai:

Kudamono (Sashimi de physalis) Ingredientes: 4 bananas nanicas, 2 maçãs, 8 physalis, 2 carambolas, 8 cerejas, 2 laranjas, açúcar de confeiteiro o quanto baste, 300 ml de creme de leite fresco, 300 ml de leite integral, 80 g de açúcar, 1 fava de baunilha, 2 colheres de sopa de maisena (rasa), 4 gemas. Modo de fazer: Misture o creme de leite e o leite e acrescente a fava de baunilha aberta e raspada. Leve ao fogo e retire antes de levantar fervura, reserve. Bata as gemas com o açúcar e a maisena e dilua o composto com o creme de leite e o leite reservado. Leve ao fogo brando e mexa ate alcançar a textura desejada, reserve. Distribua o creme de baunilha no centro de cada prato e decore com as frutas devidamente trabalhadas, salpique com o açúcar de confeiteiro.

Fontes de Pesquisa: Revista Globo Rural, Revista Isto É, Universidade de Los Andes e Depto. Ministério de Agricultura y Desarrollo de Colômbia, Plantas Medicinales, www.anbio.org.br e www.physalis.com.br
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