BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Pupunha ( Bactris gasipaes )




A pupunha (Bactris gasipaes), da família das Palmáceas, foi cultivada pelos ameríndios pré-colombianos na região neotropical úmida. Atualmente, essa espécie encontra-se distribuída desde Honduras até a Bolívia. Ocorre na costa Atlântica das Américas Central e do Sul, até São Luiz, no Maranhão, e também ao longo da costa do Pacífico, do sul da Costa Rica até o norte do Peru.

Seus frutos, de sabor muito apreciado, estão integrados nos hábitos alimentares da área que cobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Na região ainda predomina o consumo do fruto, mas a produção de palmito a partir do cultivo da pupunheira começa a aumentar, com plantios em escalas consideráveis no Pará, Acre, Rondônia e Mato Grosso. A cultura também passa por intenso processo de disseminação fora da Amazônia, principalmente no Sudeste. Em São Paulo, pupunheira está sendo plantada em praticamente todo o estado. Todo esse impulso que a cultura vem recebendo é motivado pelas boas perspectivas do mercado de palmito.

A planta como ela é:

Frutos da pupunha

A pupunha é uma palmeira chamada "caespitose" (multi-caule) que pode atingir até 20 m de altura. O diâmetro do caule varia de 15 a 30 cm e o comprimento dos entrenós de 2 a 30 cm. Os entrenós apresentam numerosos espinhos rígidos e pretos ou marrom escuro. Algumas espécies, porém, são desprovidas de espinhos.
O ápice do estipe sustenta uma coroa de 15 a 25 folhas do tipo pinadas, inseridas em diferentes ângulos. As folhas tenras não expandidas, localizadas no centro da coroa, formam o palmito, um importante produto econômico.

A inflorescência aparece nas axilas das folhas senescentes. Após a polinização, os cachos podem conter entre 50 e 1000 frutos. Diversos fatores, tais como nutrição ou polinização deficiente, estiagem, competição, e ataque de insetos e doenças podem causar o aborto e contribuir para o baixo peso médio do cacho.


Os frutos apresentam forma, tamanho e cor variáveis. Quando maduros, podem ter a casca vermelha, amarela, alaranjada ou totalmente verde. Quanto à forma podem ser globosos, ovóides ou cônico-globosos e o tamanho varia de 1 a 1,5 cm de diâmetro nos frutos sem caroço a até 7 cm nos frutos normais.

Os ameríndios começaram a realizar, empírica e instintivamente, um melhoramento das características genéticas da pupunha por meio da seleção de plantas com frutos de bom tamanho ou sem espinhos no tronco (estipe) - o que facilitava o manejo. Deste modo, hoje é possível encontrar populações de pupunheiras com características bastante diversas, constituindo diferentes variedades.

A planta está adaptada a uma ampla faixa de condições ecológicas nos trópicos. Originária das regiões tropicais, com altas precipitações pluviais e solos pobres, cresce melhor quando a chuva é abundante e pode ser cultivada desde o nível do mar, até 800m de altitude.
Floresce quase o ano inteiro, porém com maior intensidade durante os meses de agosto a dezembro. A maturação de seus frutos ocorre principalmente nos meses de dezembro a julho. Atualmente, sua importância como alimento e o seu potencial tecnológico têm sido incentivado através de pesquisas realizadas no Brasil, Colômbia, Peru e Costa Rica.

A pupunheira pode ser aproveitada totalmente: sua palmeira é empregada em paisagismo; sua raiz como vermicida; seu tronco como madeira para construção de casas, fortificações, arcos, flechas, arpões e varas de pescar; suas flores masculinas, depois de caírem, como tempero; suas folhas, na coberturas para habitações, teceduras de cestas e outros objetos; seus frutos, motivo principal do cultivo praticado pelos índios, são comidos cozidos. Além do consumo direto dos frutos, após cozimento em água e sal, podem eles gerar uma série de subprodutos industrializados.

Depois do cozimento dos frutos pode ser obtida uma farinha seca, similar às farinhas de mandioca, milho e trigo. Este produto pode ser consumido junto com outros alimentos e na elaboração de bolos e pizzas; pode ser utilizado em panificação, pastelaria e outros alimentos à base de farinha.

A massa oriunda dos frutos também produz um sorvete muito saboroso. Além disso, os frutos de aparência inferior podem ser aproveitados na fabricação de ração para animais.

Os caules secundários, de alto valor para alimentação, podem ser consumidos como palmito. Atualmente o palmito, é extraído principalmente do açaí, de ocorrência na região norte, e de outras palmáceas nativas da Mata Atlântica. Estas últimas, anteriormente abundantes, estão quase dizimadas pela exploração predatória. Assim, o palmito é hoje produzido sobretudo a partir das grandes concentrações naturais de açaizeiros do estuário amazônico.

Embora dando mostras de abrandamento nos últimos anos, o processo de exploração dos açaizais nativos tem usado os mesmos métodos que levaram à quase dizimação das palmáceas da Mata atlântica. Nesse contexto surge, como alternativa complementar à exploração extrativista, o cultivo da pupunheira, visando à produção de palmito. Existem na região Amazônica inúmeras plantações de pupunha sem espinhos, que oferecem condições de corte no segundo ano de vida, apresentando maior diâmetro do que o açaí, com palmito de excelente qualidade.

Na Costa Rica, país latino-americano mais adiantado no desenvolvimento da produção agroflorestal, a agroindústria desenvolveu-se com base na pupunheira. Atualmente, existe um grande interesse pelo cultivo da pupunheira em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso e Goiás, com muitos projetos implantados e em implantação.

A pupunha está pronta para a colheita entre 2 a 10 anos, pela sua característica multi-caule, ocorrência de brotações, o que possibilita colheitas escalonadas. A planta acima de 10 anos, reduz a produção de frutos e dificulta à colheita.

Atualmente sua madeira vem sendo utilizada na indústria moveleira, já que a madeira apresenta alta resistência, três vezes a mais que o mogno, além do custo chegar a 40% inferior a outras madeiras.


Fonte: INPA-Amazonas

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Manacá-da-serra(Brunfelsia uniflora)

Manacá-da-serra(Brunfelsia uniflora)
Por: Angelica Prela Pantano*



O manacá-da-serra (Brunfelsia uniflora) é uma planta originária do Brasil, pertence à família Solanaceae e é uma Angiosperma. Pertence ao mesmo gênero da quaresmeira (Tibouchina granulosa) e da orelha-de-onça (Tibouchina holosericea), mais conhecidas que o próprio manacá. Pode atingir de 2 até 15 m de altura. É muito comum em matas alteradas pelo homem, hoje em dia mais difícil em matas nativas. Possui flores brancas e rosas o que lhe proporciona uma floração espetacular. A flor de centro branco e pétalas azuis muda de cor após fecundada. Floresce durante a primavera e o verão, entre novembro e fevereiro, com belas floradas com flores que variam do branco ao lilás colorem a paisagem regional do final do ano.


A variação na coloração das flores é decorrente do amadurecimento diferencial das partes masculina e feminina, sendo as brancas, recém abertas, funcionalmente femininas (recebem pólen de fora) e as roxas ou lilases são as flores velhas, masculinas, liberando pólen. A frutificação ocorre em novembro, sendo que em fevereiro e março estão prontas para serem colhidas, e devido ao tamanho, muito pequenas, são facilmente levadas pelo vento.

A multiplicação também pode ser feita por estacas. Devido ao porte alto e sistema radicular não agressivo, é muito usada como ornamental em jardins e ainda na arborização urbana, não interferindo em fios e tão pouco danificando as calçadas. Podemos encontrar também o manacá-da-serra-anão, que possui flores menores, assim como o porte, em torno de 3 metros, muito recomendado para áreas menores, como jardins domésticos e vasos de porte maior.

Sendo pioneira e colonizadora de áreas abertas, presta-se muito bem para a recuperação de áreas degradadas, crescendo rapidamente, protegendo o solo em poucos anos. Regenera-se abundantemente na natureza, o que faz com que seu corte não seja tão prejudicial como outras espécies de árvores mais raras e de baixa reprodução natural.

Assim, as capoeirinhas ou capoeiras jovens, com predomínio de manacás, podem ser suprimidas com a devida autorização das autoridades florestais competentes.


* Angelica Prela Pantano é Eng. Agr .Drª em Físisca do Ambiente Agrícola, pesquisadora do
Instituto Agronômico de Campinas.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mandevilha




Ao olhar esta planta, há quem pense que se trata de uma alamanda-rosa (Allamanda blanchetti)... parece, mas não é: trata-se da mandevilla (Mandevilla sp.), também conhecida como dipladênia, mandevila ou jalapa-do-campo.


Assim como a alamanda, a mandevilla é originária do Brasil, mas só começou a ser notada com mais ênfase por aqui depois de conquistar os estrangeiros. Seu sucesso lá fora já é antigo, especialmente nos países europeus. E ela realmente tem tudo para agradar: produz grandes e belas flores - algumas variedades chegam a ter 10 cm de diâmetro! -; floresce cedo (ao atingir cerca de 60 cm, já começa a produzir botões florais) e tem um delicioso perfume, que muita gente jura lembrar o dos chicletes de tutti-frutti. Esse perfume, inclusive, inspirou o nome popular pelo qual a planta é conhecida lá fora: "brazilian jasmine" (jasmim-brasileiro).


No clima brasileiro ela ainda é capaz de florir o ano todo, diminuindo sua intensidade de floração apenas no período do inverno. Por definição, a mandevilla é considerada uma trepadeira volúvel, que pode atingir até 6 metros. O que caracteriza o comportamento de uma trepadeira volúvel é a característica de seus ramos se enrolarem naturalmente nos suportes, sem a necessidade de amarrações.


No paisagismo esta espécie tem sido muito procurada para formar cortinas-verdes pois, ao contrário de trepadeiras como as tumbérgias, a mandevilla não resulta no fechamento total da área onde cobre. Seu uso em pergolados e treliças resulta num belo efeito, mas a mandevilla também pode ser cultivada em vasos - é só providenciar um suporte para que ela se enrole e controlar seu crescimento por meio de podas.


Ficha da Planta


Nomes populares: Mandevila, dipladênia, jalapa-do-campo
Nome científico: Mandevilla sp.
Família: Apocináceas
Origem: Brasil
Luminosidade: Luz solar plena
Clima: Tropical
Solo: O solo ideal é o rico em matéria orgânica. Em vasos, usar uma mistura de 1 parte de terra comum, 2 partes de composto orgânico e 1 parte de terra vegetal.
Regas: Deve ser regada moderadamente, apenas o suficiente para não deixar o solo seco.
Floração: O ano todo, um pouco menos durante o inverno.
Propagação: Por sementes ou estacas.
Características: Trepadeira volúvel, produz grandes flores.
Espécie tóxica: nenhuma parte da planta deve ser ingerida e sua seiva pode causar irritação na pele.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lírio-da-paz(Spathiphylum wallisii)




Originário da América Central, o lírio-da-paz (Spathiphylum wallisii ) é uma planta de porte altivo e elegante, suas folhas, de um verde intenso, contrastam com o branco puro de suas flores. Propaga-se por meio de sementes, divisão de touceiras ou por micropropagação e seu florescimento ocorre duas vezes ao ano: de janeiro a março e de julho a setembro.

O lírio-da-paz é uma planta que resiste à baixas temperaturas (desde que superiores a 5 graus), sendo que, no inverno, para que tenha bom desenvolvimento, necessita de temperaturas em torno de 15 graus. O clima ideal para o cultivo é o moderadamente úmido (70%), com temperaturas entre 20 e 27 graus. Quanto à luminosidade, recomenda-se que o lírio-da-paz não fique exposto ao sol direto, pois isso causa o amarelamento de suas folhas e bloqueia seu desenvolvimento. Por outro lado, locais com pouca iluminação devem ser evitados, principalmente porque a falta de luminosidade adequada deixa as folhas alongadas em excesso, muito finas, fragilizadas e reduz acentuadamente a floração.

A terra para o cultivo do lírio-da-paz deve ser úmida, mas nunca encharcada. Deve-se evitar, inclusive, o uso de prato com água sob o vaso. Para saber se a quantidade de água está correta, o ideal é colocar a mão na terra: se ela estiver secando, faça a rega. Como procedimento geral, recomenda-se irrigar duas vezes por semana durante o verão e uma vez por semana no inverno.
De uma a duas vezes por mês pode-se fazer uma adubação foliar, aplicando o fertilizante junto com a irrigação, sempre seguindo à risca as recomendações e indicações do fabricante do produto.

O lírio-da-paz é uma planta bem bastante resistente a pragas. Geralmente, os problemas que surgem nesta planta estão mais relacionados com erros de regas e luminosidade do que com ataque de pragas. Por sua capacidade de se desenvolver bem em ambientes internos, é uma espécie muito indicada para ser cultivada dentro de casa, desde que receba bastante luminosidade e que o local seja bem ventilado, mas protegido de ventos fortes. Seu uso em jardins internos confere harmonia e suavidade ao conjunto, mas exige cuidados básicos como adubação periódica e regas corretas, sem excessos.

Outra vantagem do uso do lírio-da-paz em ambientes internos é que esta planta funciona como uma espécie de purificador biológico, ajudando a eliminar componentes tóxicos eventualmente liberados no ar.

Para manter a beleza de suas folhas, recomenda-se pulverizá-las periodicamente com água, eliminando a poeira.

Segundo os produtores desta espécie, com o tempo, é normal a inflorescência do lírio-da-paz tornar-se verde e quando isso acontece é preciso aguardar a próxima floração.

O lírio-da-paz, assim como o antúrio e o copo-de-leite, pertence à família das Aráceas, que traz como marca formas exóticas e elegantes, com inflorescências belas e harmoniosas.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Amoreiras - rústicas, resistentes e... medicinais!


"Vou contar para o seu pai que você namora,

Vou contar pra sua mãe que você me ignora,

Vou pintar a minha boca do vermelho da amora,

Que nasce lá no quintal da casa onde você mora..."


Como bem descreve a música Amora, de Renato Teixeira, até pouco tempo atrás era bastante comum a presença de uma amoreira no quintal das casas. Rústicas, resistentes e de fácil cultivo, eram a garantia de frutos doces e deliciosos para alegria de crianças e adultos.

Com o passar do tempo (e com o fim dos quintais), as amoreiras passaram a ser vistas como plantas silvestres. Seus frutos, delicados e perecíveis, não são capazes de sobreviver à aventura de sair do campo e chegar aos supermercados e, assim, as amoras foram gradualmente ficando na doce lembrança de quem tinha o privilégio de degustá-las ali mesmo, ao lado da árvore.

Entretanto, com o recente e crescente interesse pelas plantas medicinais, a amoreira vem despertando a curiosidade e ganhando espaço na mídia pelas suas propriedades que estão sendo comprovadas em estudos científicos realizados em vários países.
As amoras pertencem à família das Moráceas que abriga espécies bem variadas e produzem frutos bem diferentes entre si. Nesta família, além das amoras, encontramos os figos e até a jaca!

As espécies de amoreira mais cultivadas são Morus alba (amora-branca), Morus rubra (amora-vermelha) e Morus nigra (amora-preta) foto ao lado. Dentre essas espécies destaca-se a Morus alba, conhecida também como amora branca. Trata-se de uma planta perene, rústica, que se adapta com facilidade aos mais variados tipos de solo, desde que não sejam alagadiços. O solo ideal deve ser fértil, aerado e com pH em torno de 6,5. Suas raízes são capazes de atingir boa profundidade, de forma que alcançam água em camadas mais profundas, o que ajuda a garantir hidratação mesmo na estação seca.

Dentre os diversos cultivares de Morus alba existentes no Brasil, destacam-se a variedade Miura e os híbridos FM 86 e Shima Miura, cujas principais características são a precocidade vegetativa, folhas de boa qualidade e o fato de apresentarem boa propagação por estaquia. A variedade Miura (amora miura) é considerada uma das melhores variedades entre as cultivadas.
Além de apresentar alto teor de proteína, as folhas da amoreira branca (Morus alba L.) são totalmente livres de toxicidade e ainda apresentam propriedades capazes de diminuir o nível de glicose no sangue, auxiliar a reduzir a hipertensão, são diuréticas e indicadas popularmente para o tratamento do colesterol alto.

Por serem muito nutritivas e apresentarem alto teor de proteína, as folhas da amora branca são utilizadas como o único alimento do bicho-da-seda da amoreira (Bombyx mori) em sua fase inicial de vida.

O assunto é bem interessante, pois as amoreiras têm uma história muito ligada à fabricação da seda. Tudo começa com uma lenda sobre a descoberta da seda indicando que esta ocorreu por acaso, quando uma imperatriz chinesa, por volta de 2.600 a.C., tomava seu chá embaixo de uma amoreira, nos arredores do seu palácio: um casulo do bicho-da-seda teria caído dentro da sua xícara de chá fervendo e ela percebeu que por estar amolecido, o casulo poderia ser desenrolado, formando um fio.

Os chineses tiveram exclusividade na fabricação da seda por cerca de 3 mil anos. O governo chinês, ciente do valor comercial da seda, proibia a exportação de ovos de mariposas e sementes de amoreiras, chegando a condenar à morte os considerados traficantes. Conta-se que os europeus só romperam este bloqueio quando um imperador romano enviou espiões disfarçados de monges à China, que conseguiram esconder alguns ovos de bicho-da-seda dentro de bambus e os levaram para a Europa.

Aqui no Brasil, embora as primeiras amoreiras tenham sido plantadas em Minas Gerais, por ordem de dona Maria I, a Louca, mãe de D. João VI, que reinou de 1777 a 1792, a produção de seda iniciou-se efetivamente apenas no Segundo Reinado.

Deliciosamente medicinal

Morus rubra
Todas as espécies de amoras são ricas em vitamina C e antocianinas - flavonóides bioativos com poderosa ação antioxidante. A amora tem em sua composição água (85%), proteínas, fibras, lipídios e carboidratos, além de cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, selênio e várias vitaminas. Isso tudo com baixo valor calórico: são apenas 52 calorias em 100 g de fruta.

Na amoreira são encontradas também substâncias como os fitoquímicos, ou compostos secundários. Estas substâncias são produzidas naturalmente pelas plantas para se protegerem do ataque de pragas e doenças, além de ajudar a planta a se adaptar às condições adversas do ambiente. Muitos destes fitoquímicos atuam na prevenção e no combate de doenças como o câncer e as doenças cardiovasculares.

Na medicina natural, são relatadas outras propriedades da amoreira, como o efeito emagrecedor; amenizador da tensão pré-menstrual e sintomas da menopausa; efeito desintoxicante e antioxidante, prevenindo contra a ação dos radicais livres. Além disso, já são famosas suas propriedades como auxiliar em problemas como diabetes, pressão alta e mau colesterol elevado.
Todas as partes da planta - frutos, folhas, casca e raiz - são utilizadas na medicina popular:

* A infusão ou o suco do fruto são usados em gargarejos e bochechos contra aftas, amigdalite e dor-de-dente;

* A decocção da casca e das raízes são indicadas contra problemas de estômago, intestino e também como vermífugo;* A infusão das folhas é considerada excelente diurético, além de agir contra a hipertensão. Também é usada em massagens no couro cabeludo para combater a queda de cabelos, sendo que este efeito pode ser potencializado com a ingestão do chá. * O xarope é usado para combater a tosse e a irritação da garganta; * O cataplasma preparado com as folhas é utilizado contra eczemas, erupções cutâneas;* O banho preparado com o chá das folhas é considerado revigorante.

Dicas de cultivo

A amoreira teve provável origem na China ou Índia. Pertence à família das Moráceas e ao gênero Morus, que possui cerca de 950 espécies. A temperatura ideal para o desenvolvimento da amoreira situa-se entre 24 e 28 graus C. Temperaturas abaixo de 13 graus podem prejudicar fortemente o desenvolvimento da planta. O solo indicado deve possuir boa profundidade, alto teor de matéria orgânica e textura média.

As mudas de amoreira podem ser obtidas por sementes, estacas, enxertia e mergulhia. A melhor época para o plantio da amoreira é o início da primavera. Quanto à adubação, é recomendável a orgânica, pois além de fornecer nutrientes à planta, ainda proporciona a melhoria das propriedades físicas do solo e facilita o desenvolvimento de microorganismos. Como sugestão, pode-se aplicar uma mistura de esterco de curral curtido, farinha de osso e torta de mamona.
Não é recomendável fazer poda ou colheita antes de 6 meses a contar do plantio, para que seja permitido que a planta desenvolva seu sistema radicular e estabilize seu desenvolvimento. Além disso, não é indicada a aplicação de inseticidas ou outros produtos químicos, uma vez que a amoreira é uma planta bem rústica e resistente.

Curiosidades sobre a amoreira

* Segundo Ornato José da Silva, autor do livro Ervas e Raízes Africanas, a amoreira branca é uma planta utilizada nos ritos africanos para limpeza energética. Suas folhas teriam o poder de captar, a partir do raiar do sol, toda a negatividade que é expelida à noite, logo após este se pôr.

* O primeiro papel introduzido no Japão foi originário da Coréia e era feito de amoreira.

* As amoreiras eram bem conhecidas pelas antigas civilizações. Eram famosas em razão dos deliciosos frutos, pelo rápido crescimento e também pela grande quantidade de folhas verdes que eram consumidas pelos animais.

*Pesquisadores da Universidade de Scranton, na Pensilvânia (EUA), constataram que a ingestão de suco de amora, três vezes ao dia, pode aumentar significativamente a taxa de colesterol bom no sangue, reduzindo os riscos de doenças do coração.

* Na Europa do século XVI, era costume utilizar tanto os frutos, como as folhas e a casca da amoreira. O fruto era usado contra inflamações e hemorragias; a casca contra as dores de dente e as folhas para tratar picadas de cobras e como antídoto para o envenenamento por acônito.

* A amoreira branca é muito usada na China para tratar tosse, resfriados, dores de cabeça, irritação da garganta e pressão alta. No conceito chinês de Yin e Yang, a amora branca é usada para dissipar o calor do canal do fígado, evitando irritação nos olhos, elevando o estado de ânimo e refrescando o sangue. É, portanto, considerada um tônico Yin.

* A amora em alemão é chamada "maulbeerbaum"; em espanhol é "moral"; em francês é "murier"; em italiano é "gelso" e em inglês seu nome é "mulberry".

* Na mitologia grego-romana a amoreira era dedicada à deusa Minerva/Athena. Muito apreciada nos banquetes romanos, o uso da amora foi mencionado por Ovídio, Horácio e Virgílio. Além disso, foram encontradas representações da amoreira nas ruínas de Pompéia.

* Existe uma lenda que relata o surgimento das amoras vermelha e negra a partir da amoreira branca. Segundo o poeta Ovídio, dois jovens - Píramos e Tisbe - estavam apaixonados, mas suas famílias, que eram inimigas, não permitiam sua união. Um dia, eles decidiram fugir e marcaram um encontro fora da cidade, embaixo de uma grande amoreira branca. Tisbe chegou primeiro e avistou ali perto uma leoa com a boca suja do sangue da caça que acabara de comer. Apavorada, ela saiu correndo, deixando cair seu véu que, dilacerado pela leoa, ficou sujo de sangue. Quando Píramos chegou e encontrou o véu de Tisbe rasgado e marcado de sangue, desesperou-se e, pensando que sua amada estava morta, atravessou seu peito com a própria espada. Seu sangue jorrou e atingiu a amoreira branca. Quando Tisbe voltou e encontrou seu amado morto, pegou a espada e também atingiu o próprio coração. Naquele momento, os frutos da amoreira branca que foram atingidos pelo sangue tornaram-se vermelhos - quase negros - dando origem às amoras vermelha e negra. Por essa razão, acredita-se que o bicho-da-seda só se alimenta da espécie Morus alba (amora branca) porque esta ainda estaria purificada, sem a marca da tragédia dos dois jovens amantes.

* Em tempos antigos, as amoras eram usadas como maquiagem, com a função de ruborizar a face, como um rouge, ou blush.

* Rose Aielo Blanco é jornalista, escritora e editora do www.jardimdeflores.com.br

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Physalis: Bela, Saborosa e Medicinal


A physalis é uma fruta bem interessante: considerada exótica, é encontrada no mercado a preços elevados, mas, apesar disso, no Norte e Nordeste do nosso país ela é comum nos quintais e chamada por nomes bem brasileiros: camapum, joá-de-capote, saco-de-bode, bucho-de-rã, bate-testa e mata-fome.


Essa variedade nativa é a Physalis angulata, da família das Solanáceas, a mesma do tomate, da batata, do pimentão e das pimentas. Originária da Amazônica e dos Andes, a physalis possui variedades cultivadas na América, Europa e Ásia.

Na Colômbia, é conhecida como uchuva e no Japão, como hosuki. É uma planta arbustiva, que pode chegar aos dois metros de altura. As frutas são delicadas, pequenas e redondas, com coloração que vai do amarelo ao alaranjado, envolvidas por uma folha fina e seca, em forma de balão. Com sabor doce, levemente ácido, a physalis é consumida ao natural e usada na preparação de doces, geléias, sorvetes, bombons e em molhos de saladas e carnes. É rica em vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de alcalóides e flavonóides.

Seu lado medicinal não deixa a desejar: é conhecida por purificar o sangue, fortalecer o sistema imunológico, aliviar dores de garganta e ajudar a diminuir as taxas de colesterol. A população nativa da Amazônia utiliza os frutos, folhas e raízes no combate à diabetes, reumatismo, doenças da pele, bexiga, rins e fígado.

A planta tem sido estudada também por fornecer um poderoso instrumento para controlar o sistema de defesa do organismo, diminuindo a rejeição em transplantes e atacando alergias.

Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia identificaram substâncias com esse potencial na Physalis angulata e já solicitaram patente sobre o uso delas. Testadas por enquanto em camundongos, espera-se que as fisalinas (chamadas de B, F e G) tenham um efeito tão bom quanto o das substâncias usadas hoje para controlar o sistema imune, mas com menos efeitos colaterais, quando forem usadas em pacientes humanos.

"Em geral, ela é usada na forma de chá ou infusão", diz Milena Soares, pesquisadora da Fiocruz. A erva cresce na América Latina e na África, e as moléculas que produz, as fisalinas, atraíram a atenção dos cientistas porque pertencem ao grupo dos corticosteróides, usados hoje para controlar o sistema imune. "Essas substâncias já tinham sido descritas, mas nós fomos os primeiros a estudar suas propriedades", conta Soares. O trabalho foi publicado na revista científica "European Journal of Pharmacology" (www.sciencedirect.com/science/). Se for comprovado que as substâncias causam menos efeitos colaterais, a pesquisadora diz que os pacientes com o sistema imune hiperativo seriam poupados de inchaços ou da diminuição da produção de células do sangue na medula óssea, causada pelos medicamentos utilizados hoje.
Cultivo

A physalis é uma planta rústica, que exige poucos cuidados, e que até agora não apresentou uma doença significativa que possa ser grande ameaça ao cultivo. Desenvolve-se bem em regiões quentes, de clima tropical e subtropical, mas tolera bem o frio.

Antes de plantar, é aconselhável realizar análise de solo, que deve ser preparado com as mesmas recomendações para o cultivo do tomate. Os melhores solos são os areno-argilosos e pouco ácidos. A semeadura é feita em bandejas de isopor com 128 células, copos plásticos ou saquinhos de polietileno, com substrato para hortaliças, usando-se uma semente por célula, copo ou saquinho. A germinação se dá em cerca de 20 dias.

Quando as plantinhas estiverem com mais ou menos 20 centímetros de altura podem ser transferidas para o local definitivo. Plantam-se grupos de quatro mudas, distantes 30 centímetros uma da outra, em forma de quadrado (uma planta em cada canto). No centro, coloca-se uma vara de bambu ou madeira com cerca de dois metros de altura, para que as plantas sejam amarradas até o final da produção. O espaçamento entre as linhas é de dois metros. A colheita começa quatro meses depois do plantio e estende-se por seis ou oito meses. Cada planta produz até três quilos de frutas.

Curiosidades sobre a Physalis

*No Brasil, a variedade nativa é a Physalis angulata* No Japão, existe variedade de cor vermelha chamada hosuki. Lá, anualmente, acontece a Festa do Hosuki * As variedades capsicifolia, esquirolii, lanceifolia, linkiana e ramosissima encontram-se espalhadas pela América, Europa e Ásia * Apesar de ser bastante rústica e exigir poucos cuidados, é imprescindível o controle de insetos a partir da floração * Utilizando-se o tutoramento, como nos plantios de tomate ou pimentão, é possível obter uma produção maior em menos tempo * A physalis também é utilizada como tira-gosto em degustações de vinho * Na Austrália, a physalis rende uma conserva fina exportada para vários países* Em Paris é servida em restaurantes elegantes, coberta com chocolate* Estudos científicos recentes estão revelando que a planta apresenta forte atividade como estimulante imunológico e efeito antiviral contra os vírus da gripe e herpes. Contém alto teor de vitaminas A, C, fósforo e ferro, além de flavonóides, alcalóides, fitoesteróides, alguns recém descobertos pela ciência* A physalis é rica em carotenóides. Os carotenóides estão na lista dos compostos bioativos considerados funcionais, ou seja, aqueles capazes de prevenir doenças. São corantes naturais capazes de afastar males como cegueira noturna, catarata e até câncer* A fruta também pode ser encontrada no comércio em forma liofilizada em cápsulas.


Ficha da Planta


Plantio: qualquer época do ano Solo: areno-argiloso, rico em matéria orgânica e com pH entre 5,5 e 6 Clima: tropical e subtropical, mas tolera bem o frio Colheita: a partir de 120 dias depois do plantio das sementes; pode estender-se por um período de por seis ou oito meses. Cada planta produz até três quilos de frutas.

Receita deliciosa com Physalis

Quem quiser experimentar esta delícia de fruta, pode preparar a receita criada pelo site www.physalis.com.br - Aí vai:

Kudamono (Sashimi de physalis) Ingredientes: 4 bananas nanicas, 2 maçãs, 8 physalis, 2 carambolas, 8 cerejas, 2 laranjas, açúcar de confeiteiro o quanto baste, 300 ml de creme de leite fresco, 300 ml de leite integral, 80 g de açúcar, 1 fava de baunilha, 2 colheres de sopa de maisena (rasa), 4 gemas. Modo de fazer: Misture o creme de leite e o leite e acrescente a fava de baunilha aberta e raspada. Leve ao fogo e retire antes de levantar fervura, reserve. Bata as gemas com o açúcar e a maisena e dilua o composto com o creme de leite e o leite reservado. Leve ao fogo brando e mexa ate alcançar a textura desejada, reserve. Distribua o creme de baunilha no centro de cada prato e decore com as frutas devidamente trabalhadas, salpique com o açúcar de confeiteiro.

Fontes de Pesquisa: Revista Globo Rural, Revista Isto É, Universidade de Los Andes e Depto. Ministério de Agricultura y Desarrollo de Colômbia, Plantas Medicinales, www.anbio.org.br e www.physalis.com.br
BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina